segunda-feira, 16 de abril de 2012

Afirmações diárias #1


…ou amendoim é amêndoa com complexo de inferioridade?
Ok, eu assumo, sou lésbica. Como isso aconteceu? Ah! Esta é uma boa história, esta confortável? Posso começar?
Bem, não lembro ao certo o dia, mas em uma bela manhã, euzinha, suave como a seda, acordei, olhei no espelho, e em poucos minutos cheguei à conclusão que a minha vida estava muito chata. Eu não tinha problemas familiares, na escola, na panificadora, na rua, na lua, era vista como uma menina muito doce, amável e com um futuro promissor… Ou seja, um saco! Foi a partir deste momento que eu decidi ser lésbica profissional. Afinal, ser apenas corintiana não me garantia uma vida com bastante sofrimento, perigo e movimento!
Desde então, posso dizer que tive algumas discussões em casa, o pessoal na escola começou a me olhar de um jeito estranho, nunca mais ganhei sonhos de graça na panificadora, o sinal já não estava verde quando eu ia atravessar a rua e a lua… bem, a lua continua lá (ufa). Isso sem falar das novas experiências que eu consegui como lésbica: aprender a fugir dos skinheads ou de qualquer loirinho com mais de 1,40m com a cabeça raspada, fingir não saber cantar todas as músicas da Cássia Eller em público e outras coisas que eu ainda não tenho intimidade o suficiente para contar a você.
Imagem motivacional ‘venha colar velcro você também’:
Agora, você, que pode não ter tido essa escolha e simplesmente nasceu assim, lésbica, pode estar se perguntando: “que 
história mais incrível 
diabos ela está querendo dizer com isso?”
Filosoficamente falando eu tenho sim um objetivo, que eu neste momento esqueci qual é, mas enquanto isso a gente pode ficar aqui conversando… Você é solteira?
Ok. Falando sério. Hora do desabafo:
Porque diabos fuckinghellmotherfuck a maior vantagem de ser gay é o nosso maior problema caralho?
Eu explico, agora com mais adjetivos: Nós nascemos, sem música ao fundo, e em algum momento, instante, sonho ou delírio, descobrimos, achocalhamos, acreditamos que somos gays. O que eu não entendo é porque a partir deste momento recriamos o modelo de bom cidadão em uma versão com mais purpurina: O bom gay, o gay bonito, o gay aceitável e começamos a fazer exatamente o que nós falamos que os arcaicos heterossexuais fazem com a gente? SEGREGAMOS, separamos, dividimos e não damos mais sonhos de graça a esses maus exemplos que denigrem a imagem do homossexualismo!
Os peludos não gostam dos raspados, as dykes acham as butchs machonas demais (chocante), as moderninhas acham as femmes muito ‘barbies’… Que inferno! A diferença tem limite para existir? Ou o muito diferente ou o muito parecido é proibido?
Tudo bem, modelos mentais são bons! Graças a eles, nós (em sua grande maioria) conseguimos falar, andar, comer, não rasgar dinheiro, não pular em piscina sem água e etc. O que é muito bom!
Isso não impede que você, sendo butch, lady, femme, dyke ou seiláquediabo tenha as suas preferências! Você pode continuar transando só com as lésbicas que tem mais de uma cor no cabelo, 3 piercings e a medida exata entre o masculino (aquele cabelo bem curtinho) e o feminino (que adore dar de quatro). Agora, dizer que existe um modelo certo, bonito, aceitável de gay é demais! No final, eu penso(?), que a diferença – toda ela – precisa sair do armário, e quando isso acontecer, podemos lutar, por direitos diferentes para pessoas diferentes.

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